segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Respiração Calmante (Consciente)


Respiração Consciente (Meditativa)

     Nunca será demais insistir nos benefícios da respiração consciente. Na verdade, seja qual for a técnica utilizada (e há muitas que se podem escolher, conforme a finalidade específica), o nosso ser beneficia a níveis profundos. Deveremos, sempre, lembrar que somos um conjunto infinito de células activadas pela oxigenação contínua. Quanto melhor for o alimento, melhor funcionarão os órgãos.
     No entanto, a respiração não é unicamente um processo executado mecanicamente pelo nosso corpo. Nem, unicamente a utilização do oxigénio do ar que respiramos para nutrir as células. É, também, um veículo extraordinário de integração, o que conduz a uma harmonia entre o nosso ser corpóreo, psíquico e espiritual.
     A respiração é uma mão generosa para induzir à meditação, isto é, para nos conduzir, tranquila e directamente, à harmonia interna que cura e liberta.
     Um dos aspectos da respiração que devemos registar é que ela é o único processo fisiológico involuntário e espontâneo que podemos, igualmente, gerir voluntariamente, alterando a sua profundidade e cadência. Podemos deixar de respirar. Podemos deixar os pulmões vazios por vontade própria. Podemos enchê-los e deixá-los assim, por intenção consciente.
     Sabemos, por outro lado, que o nosso estado de espírito molda a respiração de um determinado modo. Estamos calmos e a respiração se realiza num certo ritmo e com determinada profundidade. Passamos para um estado de alma inquieta e, logo, a respiração se modifica. Esta alteração instantânea, e que nos passa desapercebida, repete-se quotidianamente, mas poucas vezes compensamos as acelerações e desacelerações, a não ser fisiologicamente, conforme a necessidade corporal.
     Mas, a nível psíquico, quais serão os danos da nossa pouca atenção? Talvez a falta de irrigação suficiente na dimensão celular e neuronal. Talvez bloqueios invisíveis ao nível nervoso. Talvez uma formatação geral, interna e profunda, que nos conduz à depressão, à inquietude e à insónia.
     Não valerá a pena, então, conhecer os benefícios de uma respiração cuidada e atenta, pelo menos durante alguns minutos em cada dia?
    Experimentemos, por exemplo, a "Respiração Consciente Fácil", que se realiza do seguinte modo:

* Sente-se de um modo confortável (se possível em 1/2 Lótus, conforme postura da foto, e ainda que se sente numa pequena almofada). Feche os olhos, endireite as costas e abandone os ombros. É desta posição que partirá para o seu passeio respiratório. Quando se sentir íntegro, isto é, consciente do lugar que ocupa e da tarefa que vai realizar, começa a ter presente, única e exclusivamente, a respiração. Então...
* ... sem forçar a respiração, inspira lenta e profundamente (pelo nariz, claro), retém a respiração durante algum tempo e começa a expirar longa e totalmente (sem forçar) para reter em vazio por momentos. Este é o primeiro ciclo de muitos, pois, novamente...
* ... inspira, retém, expira e retém. Este é o segundo ciclo de muitos outros, pois...
* ... conscientemente, realiza o terceiro, o quarto, o quinto...

Dose: o tempo bastante. O tempo que lhe souber bem.

Nota - Não deve, nunca, perder o sentido da respiração (inspiração-retenção-expiração-retenção). Deve tentar seguir o caminho respiratório (nariz-pulmões e vice-versa), visualizando as sensações que ocorrem. Ou seja, deve deixar de sentir o corpo, a posição, a tarefa, para se tornar, de uma forma global, "respiração". Imagine que não tem corpo ou que ele é uma membrana tão elástica e fina como uma bola de sabão. Não respire para o peito, pois, aí, a caixa torácica cria resistência. Deixe que a respiração vá para baixo, para a zona estomacal. Então lá dentro, inspire e sinta a expansão; expire e sinta a leveza. Não julgue que é impossível, difícil ou desagradável. Não é. Experimente, aperfeiçoe, entregue-se e saneará a sua casa interna.

PS. Não faça do exercício uma tarefa forçada. Não exagere a inspiração, pois isso forçará a expiração. Controle cada ciclo para que tudo seja natural. Assim, estabilizará. Deixe-se ir na "onda". Aproveite este extraordinário método para vencer a insónia.











quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Firmeza e leveza das pernas





Abertura lateral das pernas



     Podemos considerar que temos três pilares de sustentação física: a coluna vertebral e as pernas. É sobre eles, e com eles, que toda a acção é possível. As pernas permitem a mobilidade e a coluna alberga os "cabos" centrais por onde dimanam as ordens e as sensações, enfim toda a organização que depende dos fluxos energéticos que passam pelo cérebro e atravessam toda a estrutura.
    Costumamos queixar-nos de dores nas costas e de tratar de problemas na coluna vertebral. É o desgaste devido a pouca tonificação de músculos e tendões de suporte, a más posturas e à acção do tempo.
   Costumamos, também, dar pouca importância às pernas, desde que elas nos permitam uma movimentação suficiente. Esquecemo-nos, porém, que as pernas não são só o que conhecemos do exterior. Elas são compostas de ossos, músculos, tendões e das "peças" delicadas que são as articulações, tudo alimentado pelo fluxo sanguíneo através de canais que é preciso manter limpos e elásticos.
     Assim sendo, haverá que "trabalhar" essas verdadeiras colunas de sustentação de todo o corpo físico, para que sejam instrumentos fortes e seguros e não peças atrofiadas e adiposas.
  Conscientes desta realidade, nos tornaremos responsáveis pelo bom uso e conservação das ferramentas da mobilidade: as pernas. Quem não gosta de ter pernas firmes e que, por isso, permitem uma passada segura e flexível?
     Para tal, o Taiki-Yoga tem a oferecer uma técnica excelente e que não necessita de máquinas, equipamentos especiais ou espaço específico. Basta ter vontade e perseverança.
     Este ásana designa-se por "Abertura lateral das pernas", e o primeiro ensaio nos mostra quão extraordinário é o seu poder na activação de zonas atrofiadas e fortalecimento geral. Experimente a seguinte realização:


1º - Deite-se de lado, com a face sobre a palma da mão, ficando com o corpo em linha recta e apoiando a outra mão no solo. Por momentos idealize a tarefa. Então...
2º - ... inspire profundamente (pelo nariz), faça uma pausa respiratória (em cheio) e, enquanto expira longamente, comece a elevar a perna lateralmente, até onde puder, mantendo a firmeza e sem dobrar pelo joelho. Aí, faça uma retenção respiratória (em vazio), inspire de novo e "force" a abertura da perna, após o que...
3º - ... expirando, desce a perna (mantendo-a firme), até a pousar sobre a outra, momento que aproveita para respirar à vontade e relaxar.
4º - Repita as vezes que entender ou inverta a posição para trabalhar a outra perna.


Nota - É importante fechar os olhos para melhor orientar os movimentos, bem como controlar os tempos respiratórios. Ou seja, é fundamental "sentir" tudo, para que corpo e mente se unam na tarefa comum. É um método simples de realizar psicoterapia e fisioterapia. Lembre-se que Yoga é união, interiorização. Enfim, é um trabalho externo e interno, uma tarefa física e mental, para atingir a atmosfera yóguica, ou seja, para construir o ser integral.

PS. Este exercício, juntamente com o "1/2 Gafanhoto", é um extraordinário método para manter pernas funcionais para as actividades quotidianas.
 






domingo, 5 de agosto de 2012

Alongamento Cruzado dos Membros




Alongamento Cruzado dos Membros

     
     Nunca será demais relembrar que o Yoga não é uma simples variante ginástica, em que os movimentos corporais são geridos com atenção para que o seu  desenvolvimento se enquadre numa cadência vagarosa e uniforme.
  YOGA não são os múltiplos gestos físicos, as técnicas respiratórias específicas ou as composições coreográficas interessantes e esteticamente muito belas. YOGA é o conjunto da atitude que incorpora a idealização mental, o fluir respiratório e o gesto corporal.
    YOGA é UNIÃO. Por isso, a prática do Yoga conduz a uma reprogramação da mente, através da alteração dos conceitos que nos levam a querer ultrapassar os limites, para sermos os mais fortes, os mais rápidos e os mais potentes. YOGA é, ao contrário, a consciência plena e o respeito absoluto pelo nosso ser integral, invertendo, desse modo, uma postura competitiva.
     Já pensamos que, se não estivermos conscientes, o mais simples gesto ginástico se transforma numa luta em que, querendo ir mais além, ao mesmo tempo, nos retraímos numa atitude defensiva?
   YOGA é uma atmosfera intima, mais que a realização de uma prática externa. Por isso, há necessidade de aprender os gestos técnicos, as específicas respirações e, mais que tudo, de manter o controlo mental através da atenção permanente. Então, e só depois, surge o abençoado tempo e espaço de integração, onde o corpo vitaliza e relaxa; onde a mente serena e vigia; onde o ser inteiro de encontra.
     Por esta singela apresentação se pode aquilatar da necessidade de dar tempo ao tempo, maneira de dizer que nada se conquista sem a perseverança que permite adquirir o conhecimento para se alcançar a sabedoria. E quem não quer ser sábio, isto é, consciente, isto é, integrado em si mesmo?
     O que necessitamos neste tempo intranquilo e apressado? Serenidade, decerto. O que aspiramos nestes dias de multidões solitárias? A proximidade com a nossa própria presença, sem dúvida.
    YOGA é, pois, o oásis onde, com tempo e silêncio, nos podemos reencontrar com a nossa própria intimidade, porque, estando acompanhados, cada um faz o seu indeclinável caminho para o seu próprio centro. É "isso" o YOGA: a experimentação pessoal da atmosfera do nosso centro.
     Experimente este ásana simples que lhe mostrará como, na verdade, somos um todo corporal-mental-espiritual. É o Alongamento Cruzado dos Membros.

* Coloque-se na postura do gato (os braços no enfiamento dos ombros e os joelhos no enfiamento das mãos). Então...
*... inspire profundamente (pelo nariz, claro), faça uma retenção e, expirando longamente, estique o braço esquerdo e a perna direita (ao mesmo tempo), até sentir um firme alongamento (mas deixando uma folga). Aí, faça uma retenção respiratória, em vazio e, depois, inspirando, "force" o estiramento, até que...
* ... expirando devagar, recolhe o braço e a perna (até voltar à posição inicial, onde respira normalmente).
* Repita, trocando a perna e o braço.

Dose - 3 vezes

NOTA - Este exercício tonifica profundamente os membros e a coluna, bem como os seus "cabos" de sustentação. Depois de aprendida a técnica e aperfeiçoado o seu desempenho, é tempo de realizar a benéfica tarefa com os olhos fechados para visualizar e sentir mais profundamente as respostas corporais.