Cisne ou Pomba
"Yoga" significa união. "União" significa harmonia. "Harmonia" significa inter-relação entre todas as partes. O conceito de "Yoga" é um pouco mais que isso. É um conjunto de técnicas corporais (ásanas); um aprimoramento respiratório (pranayamas); e uma estabilização mental (centralização psíquica).
Não há movimentos que não sejam possíveis por todos os praticantes, sejam principiantes ou mais evoluídos, porque cada técnica tem graus diversos, apropriados para a capacidade de cada um.
"Yoga" é harmonização física e mental. Ora, para alcançar esse estado teremos de mudar a nossa maneira de pensar o que é, na realidade, o bem-estar. Se reflectirmos sobre o que pensamos em relação a qualquer treino para melhorar a condição do nosso ser, verificamos que não passamos além do exercício agressivo sobre o corpo, através de um trabalho duro e intenso.
Ora, um treino rápido, intenso e inconsciente, para chegar a uma meta sem passar pelas diversas fases, nos conduz a colocar o trabalho em determinada região corporal, sem atender às condições gerais e à relação com as outras partes.
Esquecemo-nos que o corpo não aprende. Para além da suas funções automáticas, a maquinaria física só responde se a mente estiver presente. E esquecemo-nos, igualmente, que o nosso corpo físico funciona na soma das diversas partes e dimensões. O que é solicitado ao braço, por exemplo, tem resposta no resto corporal. Quando exercitamos um músculo, responderá, também, a dimensão esquelética, o ritmo cardíaco, a profundidade respiratória, etc.
Assim sendo, deveremos estar "inteiros" no exercício, isto é, propondo ao corpo físico, sem exigências, e acompanhando atentamente a evolução, passo a passo. De outro modo, se estivermos distraídos, ao fazermos um alongamento, haverá uma retracção. É como se conduzíssemos o nosso automóvel, acelerando-o, mas mantendo o travão accionado.
Todo e qualquer exercício deve ser realizado mantendo, sempre, um espaço de conforto, isto é, antes de atingir o limite.
Propomos, hoje, um ásana interessante, talvez um pouco complexo para iniciantes, mas excepcionalmente benéfico e que se designa "Cisne ou Pomba", em virtude da sua execução, e que tem o seguinte desenvolvimento:
* Ajoelhe-se e, a partir dessa atitude, estenda uma perna para trás, ficando apoiado sobre a perna dobrada. Então...
* ... inspire profundamente (pelo nariz, claro) e com a mão correspondente à perna dobrada, apoie-se na coxa, eleve o tronco e, expirando longamente, faça uma ligeira rectroflexão, ao mesmo tempo que a mão corresponde à perna estendida, realizando uma torção da coluna, se abre como a asa da pomba ou cisme e tenta tocar na coxa, ficando aí um pouco. Depois...
* ... inspire profundamente e, expirando, regresse a atitude inicial, para...
* ... inverter a posição das pernas e realizar o movimento para o outro lado.
Dose: 3 vezes
Nota - Este interessante (e elegante) movimento actua sobre a abertura pélvica, sobre a coluna (torção e rectroflexão), estimula os chakras e comprime a região renal e supra-renais. Deve ser realizado com vagar e ao compasso da respiração.