segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Tonificação peitoral - Andorinha


Andorinha

     Há um insidioso inimigo que nos retira a naturalidade própria de criaturas integradas na Natureza. É o êxodo para as cidades e as funções executadas em recintos fechados e numa atitude passiva. 
   Assim, a nossa estrutura, que devia ser continuamente exercitada, é obrigada a manter-se numa postura amolecida, imprópria e desajustada à sua natureza dinâmica.
    Na verdade, devido aos problemas adquiridos com essa conduta indesejável, que nos induz ao crónico sedentarismo, às vezes, passamos ao nocivo e incontrolado desejo de movimentação rápida e inconsequente. Esquecidos que tudo deve ser regrado e permanente, deixamo-nos arrastar por enganosos conceitos publicitários e caímos no engodo de esquemas sazonais e intensivas. 
   Contudo, não ignoramos que todo o crescimento obedece a uma caminhada consciente e equilibrada. Assim sendo, é sempre tempo de escolher um meio termo entre a inactividade e o frenesim. Poderemos julgar que não é possível encontrar uma boa prática, que una o desenvolvimento físico à estabilização metal, se não tivermos posses para frequentar um local apregoado como centro que se diz capaz de ofertar, instantaneamente, o milagre de uma mente sã em corpo são. Mas, esta ideia, é fruto de informação tendenciosa.
     A verdade é que podemos programar um conjunto de exercícios e realizá-los num cantinho da nossa casa. Basta criar um pequeno espaço e preenchê-lo com instrumentos que todos possuímos: um tapete, um leitor de música, um ambientador odorífero e... vontade. Nada mais é preciso. Crie esse "jardim" onde, no silêncio da sua interioridade, pode (e deve) progredir na sua própria cadência que é, afinal, a sua natural cura, que o levará um estado da saúde e bem estar, pois é nesse caminho, percorrido conscientemente, que se mudará, também, a nível interno.
     Nunca será demais relembrar que não somos, unicamente, uma peça de carne e ossos, mas um ser físico-espiritual ou, se quisermos, uma criatura psicológica. Seja qual for a visão da nossa realidade, teremos de aceitar que o bem estar só é possível com um estado de espírito pacificado. Então, se assim é, não devemos descurar essa dimensão.
     Yoga é, já o dissemos muitas vezes, uma atmosfera de união, de integração, onde todas os níveis do nosso ser se interligam harmoniosamente. Assim sendo, é preciso voltarmos os sentidos para "dentro" e não só utilizá-los para ver o mundo e as outras criaturas do mundo corpóreo. Isso é meditação. E é a meditação que nos tornará conscientes de nós mesmos.
     Hoje, e para todos os dias, apresentamos a "Andorinha de asas fechadas", um exercício extraordinário para tonificar a caixa torácica e musculatura peitoral. Siga estes passos:

* De pé, pernas unidas e braços ao longo do corpo, respire calmamente e desenhe, mentalmente, a figura. Então...
* ... inspire profundamente, ao mesmo tempo que abre os braços em cruz. Aí, guarde a respiração em cheio, durante algum tempo, e, depois, expirando, dobre o tronco, devagar, enquanto os braços, bem estendidos, rodam ao nível dos ombros de modo a que as mãos se aproximem e se unam firmemente (sem dobrar os braços pelo cotovelo), enquanto os braços se afastam das costas. Depois...
* ... após uma retenção respiratória (em vazio), inspire e tente afastar um pouco mais os braços (em relação às costas). Aí...
* ... expirando, volte, devagar, à postura vertical, mas mantendo o afastamento dos braços, que devem continuar firmes. Na posição de pé, sinta o "trabalho" sobre a região peitoral. Inspire de novo e, expirando, descontraia, desfazendo a prisão das mãos e voltando à postura inicial.

Dose: 3 vezes

Nota - Decerto que notará, desde o primeiro ensaio, como este ásana se coloca, de forma intensa, na região peitoral. Sinta como este gesto oferece uma sensação de profundo tonificação, relaxamento e bem estar. Não exija grandes execuções. Comece com bom senso. Aperfeiçoe. Permita que a naturalidade se instale. Aproveite.



sábado, 1 de dezembro de 2012

Torção Espinhal - NORA
















NORA


   Yoga é a arte de utilizar harmoniosamente as "ferramentas" técnicas, sejam ginásticas, respiratórias ou meditativas. A aprendizagem inicial é, afinal, uma reaprendizagem a todos os níveis, pois somos criaturas apressadas e, por isso, seguidoras de todos os modismos passageiros. Sem pensarmos, aderimos aos gestos de rebanho, sejam ou não do nosso interesse, esquecidos que cada um tem a sua própria estrutura, a sua própria cadência e as suas próprias necessidades.
     Por outro lado, somos criaturas distraídas, comendo o que nos dizem para comer, vestindo o que nos dizem para vestir, pensando o que nos dizem para pensar.
    O Yoga, ou seja, a atmosfera construída pacientemente, conscientemente, permite-nos certificar que cada um de nós é um ser autónomo, necessitado de um espaço e de um tempo onde pode experimentar a presença do seu próprio ser, pois a verdade é que estamos tão ligados ao exterior pelas janelas dos sentidos corporais, que raramente repousamos na companhia da nossa própria essência.
     Já pensamos, por exemplo, que não é o corpo que aprende, mas a nossa "parte" pensante que programa os próprios pensamentos, os gestos e as acções? 
     Yoga não é outra coisa que esse espaço e esse tempo de interiorização, mediante a criação mental do gesto, seja respiratório, seja ginástico, onde colabora a intenção activa. E, então, já não é mais a automática respiração que acontece ou o espontâneo gesto que se exercita, mas o ser inteiro que colabora, configurando um ser que se torna consciente de ser.
     No mundo dos nossos dias inquietos, no nosso quotidiano feito de acelerações, precisamos de encontrar, nas margens da vida, oásis onde possamos sentar-nos um pouco para nos reencontrarmos a nós mesmos; para construir um pouco de silêncio e de paz.
     Não é somente o corpo que necessita de descanso. A alma precisa de respirar. Ou já nos esquecemos disso?
     As "ferramentas" (corporais e respiratórias) podem ser utilizados de muitas maneiras, dependendo da finalidade. Apresenta-se, aqui, um ásana de torção espinhal, aparentemente com actuação nas costas e coluna, mas que favorece a activação de plexos nervosos, glândulas endócrinas, chakras e toda a estrutura esquelética, tendinosa e muscular. Basta ensaiar e sentir. Trata-se da NORA que se exercita deste modo:

* Fique de pé, com as pernas um pouco afastadas e os braços ao longo do corpo. Lembre-se que utilizará a respiração comum de quatro tempos (inspiração-retenção-expiração-retenção). Feche os olhos para sentir (e visualizar internamente) o desenvolvimento da figura. Aí ...
* ... inspirando (pelo nariz, claro) faça um grande gesto de abertura dos braços, até os colocar, bem estendidos, no enfiamento dos ombros, e voltando a palma da mão esquerda para cima, retendo um pouco a respiração. Depois...
* ... expirando lentamente, comece a rodar o tronco, por acção do braço esquerdo (como se tivesse o "burrinho" puxando a nora), enquanto o outro braço dobra pelo cotovelo, até que, terminada a expiração e a torção (com o braço direito encostado ao peito), retém a respiração em vazio, após o que, inspire profundamente e...
* ... expirando, destorça lentamente, baixe os braços e adopte a postura inicial.
* Respire à vontade e normalize. Prepare o gesto inverso.


Dose: 3 vezes





Nota - Lembre-se que a teoria serve para auxiliar a prática. A teoria é abstracta, pelo que, inicialmente, pode parecer confusa. Por isso, colocando-se da posição inicial, peça a alguém que vá lendo cada item da técnica. Depressa apanhará o jeito. Não tenha pressa. Lembre-se que está a trabalhar em seu próprio benefício. Aprendas as técnicas, mas registe que só com os olhos fechados e a mente presente perceberá o seu sentido.