quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Respiração estabilizadora



Trevo Simples

   Nunca é demais reflectir sobre a respiração, tal é a importância desta espontânea função corporal, mas que podemos controlar com diversas técnicas e, assim, exercitá-las conforme múltiplas finalidades.
   Respirar é haurir um conjunto de nutrientes exteriores, entre os quais o oxigénio prevalece. A respiração é, por si mesma, um conjunto de movimentos fisiológicos que orienta esses nutrientes pelas vias respiratórias até as levar aos mais recônditos espaços do nosso organismo. 
    Temos a ideia básica de que, pela inspiração, o "ar" entra pelo nariz (ou boca) e vai até aos pulmões, voltando a sair através da expiração. No entanto, o processo é bem mais profundo e complexo. Importa inspirar plenamente e expirar totalmente.
   A realidade é que o "ar" chega aos pulmões e é aí que a sua verdadeira acção começa, pois passa pela "rede" dos alvéolos pulmonares e entra na rede circulatória, alimentando todo o organismo, ao nível das células. Sem esse fluxo constante, os tecidos entram em colapso, definham e, rapidamente, morrem. 
    Sabemos que a falta de oxigénio, ao nível cerebral, produz um efeito catastrófico ao fim de alguns minutos, tornando irrecuperáveis as funções neuronais.
     Portanto, respirar bem é adquirir uma vitalidade acrescida; uma clareza mental maior; uma benfazeja sensação de libertação. 
   Podemos respirar normalmente, mas basta respirar conscientemente (perceber os quatro tempos de uma respiração: inspiração-retenção-expiração-retenção) para que haja uma substancial diferença. E se juntarmos o "movimento" respiratório a uma acção física, então, perceberemos como técnicas simples nos favorecem o bem estar, recuperando a funcionalidade de certas regiões corporais.
    Esta técnica, que alia a respiração à movimentação circular da cabeça sobre a base do pescoço, é um excelente treino que nutre o metabolismo e alivia pesos na região dos ombros, bem como torna mais elástico o pescoço, actuando beneficamente sobre as cervicais.
    Designa-se por "Respiração em Trevo Simples" e realiza-se assim:

* Sente-se à vontade, com as costas direitas. Com os olhos fechados, sinta a sua postura e sinta a sua respiração. Então, respirando calmamente pelo nariz...
* ... baixe a cabeça, encostando o queixo ao peito e, inspirando longamente, rode a cabeça para o lado esquerdo, até chegar ao ombro, onde retém a respiração em cheio, continuando a rodar, agora inclinando a cabeça para trás e progredindo até chegar ao outro ombro. Aí, comece a expirar, baixando a cabeça, até chegar ao ponto de partida (queixo sobre o peito), para iniciar o movimento inverso, começando, agora, a circular a partir do lado direito.

Dose - programe a quantidade de respirações. Comece por 6.

Nota: Este exercício respiratório tem  um efeito estabilizador profundo, pois o movimento circular da cabeça, sobre a base do pescoço, sendo repetitivo e consciente, tem uma acção semi-hipnótica. Lembre-se que não deve forçar a respiração, mas mantê-la serena e profunda, de modo a poder exercitar a técnica por longos períodos, sem qualquer cansaço ou desconforto. Sinta o movimento circular. Imagine um pião e, logo, perceberá facilmente a técnica.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Postura do Peixe - Tiróide



Postura do Peixe

    A glândula tiróide é um instrumento importante para a manutenção da harmonia de um estado de espírito estável.
   A tiróide é uma das glândulas endócrinas, em formato de borboleta, localizada na parte anterior do pescoço e essencial para o funcionamento harmónico do organismo.
  Os hormónios por ela libertados, T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), regulam o metabolismo, ou seja, o conjunto de reacções necessárias para assegurar processos bioquímicos e funções vitais.
    Se a produção dos hormónios cai, a pessoa passa a manifestar cansaço, depressão, aumento de peso, pele seca, prisão de ventre, diminuição da frequência cardíaca, entre outros sintomas. Nesse caso, ela sofre de hipotiroidismo (uma das moléstias mais frequentes, pouco valorizada, mas, felizmente, das mais fáceis de tratar). Por outro lado, se a tiróide acelera, há uma produção excessiva de T3 e T4, o que leva ao hipertiroidismo, distúrbio caracterizado por insónia, taquicardia, perda de peso abrupta, irritabilidade e falta de concentração.
    Decerto que o correcto funcionamento da tiróide tem relação com outros órgãos, no entanto ela deve exercer a sua própria tarefa e é aqui, precisamente, que entra o ensinamento de técnicas (do Yoga) que auxiliam a estabilizar a sua acção para que possa concorrer para o bem estar geral.
    Devemos lembrar que nem só os músculos necessitam de ser exercitados, mas todo a estrutura precisa de permanente excitação e relaxe. Assim sendo, qual a técnica que pode "tocar" a tiróide, estimulando-a a funcionar de forma equilibrada?
    A via yoguica Taiki oferece (em diversos níveis de realização, desde os mais fáceis aos de exigência mais elevada) variantes de uma técnica conhecida como a postura do "Peixe", que devem ser realizadas conforme a "saúde" das cervicais, pelo que, cada praticante, deverá, sempre, ser "médico de si mesmo" para escolher a variante mais indicada para si.
O "Peixe", pode ser exercitado desta maneira simples:

* Deite-se de costas, apoiado sobre os cotovelos, e fique numa postura descansada, respirando à vontade. Depois...
* ... inspire profundamente, distendendo o tórax e alongando o pescoço, com naturalidade. Faça uma pausa respiratória (em cheio) e, expirando longamente, deixe cair a cabeça para trás, sentindo a expansão da garganta. Retenha, um pouco, a respiração (em vazio), inspire profundamente e amplie o movimento. Então...
* ... expirando, volte à posição inicial onde, à vontade, pode beneficiar com alguns movimentos circulares, para descontrair.

Dose - 6 vezes (ou as que julgar convenientes).

NOTA : Procure exercitar este ásana dentro de uma atmosfera de conforto físico. Se preferir, poderá, igualmente, realizá-lo com outra técnica respiratória e que é a seguinte: depois da primeira fase, em que deixa cair a cabeça para trás, mantenha-se aí, em abandono e respirando livremente, até que, para terminar, inspira profundamente e regressa expirando. Pode, também, já sentado, mover a cabeça de um modo circular e, terminar baixando demoradamente o queixo sobre o peito.





quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Tonificação geral


Prancha Invertida

    Sendo criaturas bípedes e, logo, suportando verticalmente o peso da gravidade, a nossa estrutura vai sofrendo o desgaste natural que a passagem do tempo, naturalmente, impõe.
    Nem sempre estamos conscientes do "peso" exercido sobre o sistema esquelético, suporte básico de toda a nossa movimentação. Por isso não cuidamos o suficiente das atitudes quotidianas que forçam articulações, músculos e tendões, a um nível que seria minimizado se conhecêssemos bem a sua fragilidade.
    Estamos conscientes dos "encaixes" ao nível articulatório? Respeitamos o bastante essas "dobradiças"? Julgamos que não necessitam de apoios fornecidos por tendões saudáveis e músculos tonificados? Supomos que o nosso organismo funciona por partes ou sabemos que há uma interacção entre cada "ferramenta"?
    Estas e outras perguntas permitem dar atenção bastante para evitar muitas moléstias que, quando se exibem em dolorosas sensações, já têm uma sedimentação prolongada. É por isso que nunca é demais insistir na necessidade de um preparo quotidiano, em termos de exercitação física e mental, bem como o cuidado necessário para não adoptar posturas erradas para executar as tarefas de todos os dias.
    Cientes desta realidade, deixaremos de cair na ilusão de tentar iludir a nossa condição real ao correr para práticas temporárias de exercício, só porque chegou o tempo da exposição pública.
 O bom senso nos dirá, então, que alguns minutos diários são bem mais compensadores do que grandes e intensos períodos de trabalho desgastante que, a maior parte das vezes, ao produzirem uma sensação de relaxamento, nos oferecem a exaustão.
   Todos pretendemos alcançar um estado de vitalidade. Todos pretendemos sentir uma atmosfera de energia e leveza. Há exercícios que conduzem a essa melhoria de condição física e anímica. E há, também, exercícios singulares que, só por si, funcionam como se fossem um conjunto alargado, tal a profundidade que atingem.
    É o caso da "Prancha Invertida"  que se realiza do seguinte modo:

* Sente-se sobre um tapete, afaste para trás e coloque as mãos sobre o solo. Lembre-se que os braços e as pernas serão os pilares que suportarão o corpo. Então...
*... inspire profundamente (pelo nariz), retenha a respiração e, expirando, vá elevando o corpo por inteiro, suportado pelos braços e pelos calcanhares (ou, se possível) pela planta dos pés. Sinta a sentir a firmeza geral e fique aí, um pouco, com a respiração suspensa (em vazio). Depois...
*... inspire e force a postura, após o que, expirando devagar, deixe-se amolecer até voltar à posição inicial, onde relaxa e respira à vontade.

Dose: 3 vezes (ou mais)

Nota -  Este ásana desenvolve a actividade geral da estrutura, pois exerce uma acção total sobre tendões e massas musculares. Como em todos os outros exercícios, a respiração é essencial para sustentar o movimento corporal. Nunca deve haver movimentos bruscos e descoordenados. A cadência uniforme (desde o início até ao fim) é o segredo do bem estar. Lembre-se que o corpo não aprende, pelo que a mente tem de estar sempre presente, não só propondo, mas actuando. Só assim, cada coreografia, por mais simples que seja, se torna um tempo e um espaço de meditação.